O mundo tem se transformado muito e a nossa capacidade perceptiva tem encontrado cada vez mais desafios para desenvolver formas de lidar com a complexidade dessas mudanças. Dilemas éticos, sociais, ambientais e relacionais, antes oriundos apenas às conversas acadêmicas ou movimentos sócio-políticos, ganham cada vez mais espaço e importância dentro das organizações. Um privilégio viver tal momento histórico. Podemos assumir, porém, que o frio na barriga é inevitável.
Uma equipe é, sem dúvida, um advento eficaz para lidar com a complexidade. Obviamente, tal percepção apenas será possível quando se entender que “juntamos” pessoas não apenas para aumentar o numero de braços disponíveis. Na matemática das equipes, “um + um” não necessariamente resulta “dois”, pode ser mais ou até menos. Entretanto, muitos líderes acreditam que aumentar é o caminho e que multiplicar é a saída, promovendo mais ineficiência do que resultados relevantes.
Entender que um sistema não é apenas a soma de suas partes – mas o resultado destas conexões multiversas – é imprescindível para alcançar todo o potencial do trabalho coletivo. Cabe ao líder, neste caso, criar uma cultura que busque esta compreensão, a fim de usufruir dos benefícios que ela traz e não cair na cilada do coletivismo. Perceber que tudo está conectado e derrubar as amarras que a ilusão da separação traz é crucial para alcançar um estágio diferente na liderança e na entrega do time.
O coletivismo é uma espécie de vício de uma liderança que acredita apenas na quantidade como fator principal para constituição de sua equipe. Considera o número de pessoas um item que deve ser avaliado na mesma pauta de conversas sobre custos, infraestrutura e patrimônio. Esquece de considerar as relações, os sentimentos e as possibilidades infinitas de uma equipe que trabalhe com sentido, autonomia e excelência.
Não se trata de um exercício filosófico. É preciso disciplina e pratica, muita pratica. A discussão paulatina sobre os valores que norteiam o grupo, expectativas de cada integrante, resultados esperados e seu propósito cria um caminho possível para fugir da síndrome do coletivismo. Apenas assim será possível construir equipes-time realmente alinhadas e únicas, conectadas com o Todo e com os melhores resultados.
Anderson Siqueira
Idealizador e educador na Consense educação para as relações