Final de ano chegando e a maioria de nós está usando os 5% de bateria mental e resiliência que restou para poder chegar até dia 31. E exatamente por isso, se não se importar, hoje gostaríamos de tornar as coisas um pouco mais pessoais e falar sobre erros e acertos.
2021 foi um ano desafiador, escolhendo a palavra mais abrangente possível. Muitos de nós – estamos inclusos – entramos o ano com aquela sensação um tanto inconsciente de que os problemas coletivos tão terríveis que havíamos enfrentado em 2020 haviam ficado para trás. O ano da pandemia, o ano do isolamento e o ano da incerteza se despedia. As perspectivas iam melhorar…
Foi um ledo engano e 2021 se tornou tão ou até mais árduo quanto seu predecessor. Podemos estar sendo um tanto presunçosos, mas não encontramos ninguém que tenha saído ileso dos últimos 351 dias.
Tivemos que aprender a nos reinventar de tantos jeitos e formas que não é demérito algum afirmar: nós, como sociedade, estamos exaustos. Vencedores só pelo fato de termos chegado até aqui; por termos mantido a esperança de dias melhores acesa, por termos repetido não sei quantas vezes “seu microfone está no mudo”, sem deixar de manter a alegria cotidiana (os memes ajudam, eu sei). Ainda assim, exaustos.
Portanto, nosso pedido agora é que descanse.
Descanse se seu negócio permitir que você faça um recesso, mas descanse mesmo se o trabalho não permitir pausas. Descanse por recompensa, mas descanse por direito. Descanse por que isso nos faz melhores, mais humanos, mais criativos, mais presentes. Descanse por que cada um de nós lutou para dar o seu melhor, ainda que nem tudo tenha saído como planejado. Descanse para parar de pensar, mas descanse também para refletir.
Um ano para se aprender com os erros
E para fechar um ano tão emblemático, decidimos falar desse assunto. Afinal, é natural para a maioria de nós fazer um balanço ou uma análise do período. E, provavelmente, você vai encontrar alguns deslizes na jornada. Falar de erro não é assunto agradável, afinal, todos nós gostaríamos de acertar o tempo todo. Como pessoas, como profissionais e, também como empreendedores. O ponto é que novas decisões precisam ser tomadas a cada momento e o cenário nem sempre é favorável. Além disso, nem sempre temos com quem compartilhar ou trocar ideias. E quando menos se espera… o erro bate à porta.
Todos gostaríamos de acertar sempre, mas isso é impossível.
Porém, erro e fracasso não são a mesma coisa. Eles se diferenciam no produto final. O erro só se torna fracasso quando não conseguimos reavaliar, aprender e corrigir a rota. Digo reavaliar por que, na maior parte das vezes, a primeira decisão não foi tomada de maneira leviana ou sem levar em consideração o que se via naquele momento. Por diversas vezes escolhemos o que se apresenta como o melhor caminho aos nossos olhos e, ainda assim, falhamos. Porém, só fracassamos quando não estamos dispostos a aprender com aquilo que nos fez tropeçar.
Aceite: errar é normal. Toda e qualquer pessoa está sujeita a isso. E como instituições e empresas são feitas de pessoas, eles também estão fadados ao erro. Até os equipamentos, maquinários e dispositivos não estão isentos de falhas. Os processos podem ter imperfeições. Quanto mais abraçamos e convivemos com essa realidade, mais rápido se torna o processo de reavaliar, aprender e corrigir. Não é buscar o erro ou se conformar, mas considerá-lo como possibilidade constante e, diante dele, buscar extrair o máximo de aprendizado.
Conheça o limite da água
Acreditamos que um dos motivos pelos quais a possibilidade do erro assusta tantos líderes e empreendedores é desconhecer onde e até que ponto se pode errar. Não podemos ser utópicos e ignorar o fato que existem situações em que o erro leva sim ao fracasso. Por isso, é necessário entender qual é o limite a ser explorado.
Para falar disso, sempre gostamos de usar a metáfora de um barco. Enquanto navega, uma parte dele está dentro da água e a outra fora dele. Se, por qualquer motivo, o casco que está acima da água sofrer alguma avaria, a chance do barco afundar é menor. Porém, se o estrago for abaixo do nível da água, sabemos que a situação pode se tornar crítica.
O líder que deseja um negócio saudável precisa ter clareza de onde são os níveis da água: até onde se pode ir? Até que nível é permitido arriscar de acordo com os objetivos determinados para o negócio? E quando isso estiver claro, compartilhe com a equipe. Assim, eles saberão como ser proativos e responsáveis da maneira certa. Como no mercado financeiro, movimentos mais ousados requererão maior risco, mas trarão maiores ganhos.
Assumir o risco do erro é importante para crescer, arriscar, explorar novas oportunidades e se livrar do pensamento “em time que está ganhando não se mexe”, afinal, o bom pode nos roubar o excelente.
Por fim, gostaríamos de deixar um último recado: não tenha medo de tentar novamente.Assim como o mundo, nós também estamos constantemente mudando, crescendo, evoluindo. Nenhum de nós é a mesma pessoa que viveu ontem. Talvez aquela ideia, aquele projeto, aquele novo produto seja bom mesmo. Só precisa dos ajustes que você percebeu quando falhou.
Seja tolerante consigo mesmo, com sua equipe, com o futuro. Nas palavras de Ferdinand Porsche, “se uma pessoa não falha de vez em quando, então, não desafiou a si mesma”.
Um forte abraço,
Anderson Siqueira e Camila Carvalho