Tem um ano em que você se dá conta. Se dá conta de que é preciso reconhecer algumas coisas em sua vida e dar à ela a oportunidade de crescer. O interessante é que todos temos um ano desse, mais cedo ou mais tarde nos damos conta de que cada um escolhe o rumo que quer pra sua vida, não temos como impedir ou controlar esse rumo e o melhor a fazer é respeitar essas decisões. Neste ano, nos damos conta também de que o que acontece dentro de nós provavelmente acontece dentro de todo mundo. A diferença é a capacidade que cada um tem de guardar tais segredos.
Existe um ano em que nos damos conta de que a nossa vida precisa ser vivida por inteiro e na totalidade. Sem reservas, inclusive, de responsabilidade pelas escolhas e pela inteireza. Nos damos conta, por isso, que consequências não criam futuros definidos, mas novos presentes com aprendizados e novas escolhas. Percebemos também que o melhor que se pode fazer com o passado é usá-lo como reflexão, pois não serve como bagagem, nem como moradia.
É incrível o momento em que nos damos conta de que precisamos amadurecer, crescer e nos tornarmos autônomos. Mais formidável ainda é quando nos damos conta de que ser autônomo não significa solidão ou independência, mas a pura consciência do que se quer ou não quer. E quando queremos, quando existe desejo, é hora de conhecer a capacidade insuperável que temos de realizar e conquistar.
Chega um momento em que nos damos conta de que podemos sonhar, e que o sonho é um combustível completamente renovável. De que podemos chorar, e que é preciso fazer limpezas esporadicamente. E, por fim, de que podemos amar, pois o amor é o único remédio capaz de superar o medo.
Já que a escolha de dar-se conta é individual, fica aqui a questão: e você? Do que já se deu conta?
Anderson Siqueira