Nas últimas décadas o mundo tem passado por grandes transformações em todos os âmbitos. A complexidade da nossa relação com a sociedade contemporânea e com as suas interconexões, globalização e interdependência tornou cada vez mais difícil explicar os negócios de forma linear. Uma coisa acaba impactando em outra, da qual não temos controle ou total conhecimento.
Para conceituar essas mudanças, o mundo corporativo trouxe para si a expressão VUCA. O termo surgiu na década de 90 no ambiente militar americano para conceituar os cenários complexos e dinâmicos vivenciados nos campos de guerra. Acabou sendo usado em nosso cenário corporativo em virtude da explosão tecnológica. O acrônimo VUCA significa V – volátil, U– incerto, C – complexo e A – ambíguo.
O mundo volátil está relacionado com a velocidade tecnológica que estamos vivendo. Tudo muda o tempo todo e de forma tão rápida que em muitas situações vemos escorrer pelas mãos o controle das coisas.
O mundo incerto está relacionado à dificuldade de planejarmos as coisas e de enxergarmos para onde vamos. É normal não conseguir ter previsão de futuro e, com isto, falhar na antecipação do impacto que as mudanças podem causar em nossos negócios.
O mundo complexo nos mostra que nem tudo é tão simples como parece. Temos grandes volumes de informações que se interligam, se conectam. Algumas vezes se torna difícil saber o que fazer com elas e como utilizá-las.
O mundo ambíguo apresenta as inúmeras interpretações para os dados, o que pode tornar algumas informações contraditórias, e aumentar o risco na tomada de decisão. É preciso afinar as informações para controlar melhor os riscos.
Diante de um cenário tão complexo, é importante que as empresas criem soluções inovadoras, ágeis e adaptadas e, dessa forma, caminhem alinha, compartilhando e criando conhecimentos e novas formas de repensar o negócio. É a visão e manipulação adequada desta complexidade que garantirá às empresas e a seus líderes, hoje e no futuro, a evolução ou a estagnação.
Direção, como ajustá-la ao mundo VUCA?
Como em um jogo de dardos onde temos um alvo e um objetivo a atingir, também no mundo corporativo precisamos ter definido o alvo ou a direção: o famoso “para onde vamos?”.
A direção é muito importante quando falamos de um mundo de mudanças rápidas. Para manter a direção constantemente alinhada a essa realidade é necessário refletir periodicamente sobre as concepções básicas do negócio, aquelas que vão muito além das ferramentas que nos ensinaram a utilizar, como competências técnicas ou de gestão, e estar aberto a todas as possibilidades.
O grande desafio é ter líderes que desenvolvam competências como resiliência, flexibilidade, coragem e multidisciplinaridade e, assim, formem equipes participativas e com olhar mais coletivo. Com isso, será possível buscar melhores soluções e se tornar capaz de lidar com certa naturalidade com situações não-planejadas e não-previstas de maneira harmônica.
Assim, é essencial incluir nesta caixa de ferramentas a inteligência emocional, que nos orienta no movimento de olhar para dentro, se conhecer e entender o outro, além de nos auxiliar a lidar com de perfis tão diferentes que, se manipulados da forma ideal, podem se complementar e criar novas formas de ver e fazer tanto negócios como processos.
A direção está intrinsecamente ligada a forma com que as pessoas construirão o caminho e passam por diversos conceitos e maneiras. Esse é um dos aspectos interessantes relacionados a inteligência emocional, já que ela proporciona uma mudança na forma de gerir pessoas e principalmente uma mudança de mindset, o que torna a abordagem e construção de novos cenários com os nossos stakeholders mais criativas, inovadoras e ágeis.
Você tem visitado a direção dos seus negócios? Tem investido em ferramentas para construção de cenários? Qual o sentido de para onde está direcionando a sua seta? Temos que focar no aqui e agora para construir o futuro, analisar e construir cenários no presente para evitar possíveis riscos. A habilidade de rever e ajustar a direção dos seus negócios é parte essencial do sucesso no mundo complexo onde estamos inseridos.
Essa é a nossa realidade atual. Bem vindo ao mundo VUCA.
Um forte abraço,
Junia Bandeira