Lá pela segunda semana de isolamento, discutindo a importância de manter a chama da cultura, valores e propósito acessa neste tempo de crise, surgiu uma questão em nossa reunião de equipe aqui na Consense: Como vamos considerar nossos valores durante a quarentena?
Explico: Temos uma carta de valores, que norteia nossas decisões e ações e em nossas reuniões de time discutimos como nossos comportamentos estão alinhados ou não com esses valores. A nossa carta: Compaixão, Beleza e Simplicidade. Com a mudança de cenário, era necessário um novo olhar sobre como viver estes valores na prática.
Optamos então por combinar, entre outras coisas, um comportamento que nos ajudasse a diminuir a quantidade nociva de informações negativas que estávamos consumindo na época. Á luz da beleza, começamos a compartilhar, diariamente, uma notícia boa em nosso grupo de comunicação interna. É um compromisso sério: todos enviam, todos leem e todos comentam. Viver valores demanda disciplina e foco.
Com isso, fomos convidados a ler diversas notícias positivas. E, como diz o manifesto de um dos sites que mais temos lido nestes dias: “Não é que o mundo esteja pior, você que não fica sabendo das coisas boas que acontecem.” O -Razões para acreditar- site de conteúdo positivo com o propósito de fortalecer o otimismo das pessoas, se tornou um dos sites que mais visitamos, você pode conhecer clicando aqui.
Tá, mas e os resultados, como ficam?
Os resultados não podem ser medidos com tanta rapidez. Neste campo, é preciso tempo e cuidado para enxergar os impactos. O que podemos dizer é que reforçamos nossa característica de abertura para discutir tranquilamente medos e aflições e, de certa forma, temos percebido um olhar mais equilibrado deste momento por parte de todos.
Como líder, vejo que temos conseguido manter o engajamento e o comprometimento das pessoas nas questões práticas do momento, como o ajuste rígido das contas, a criação de alternativas de negócio e a manutenção das relações com clientes e parceiros. Resultado, a meu ver, extremamente palpável e satisfatório para enfrentar o cenário que se apresenta.
Ou seja, mesmo na adversidade generalizada, as pessoas encontraram respaldo e recurso emocionais para expandir o olhar para o conjunto, não se prendendo apenas à própria sobrevivência, mas à chama da cultura, valores e propósito.
Você pode estar pensando agora: “Tudo isso é muito bonito, mas a minha realidade é diferente e as contas precisam ser pagas”.
Veja, a discussão não tem a ver com o fato de estarmos todos em situações muito difíceis. Não é sobre fechar os olhos para essa realidade, é sobre decidir em qual realidade você vai operar. Ao ter o controle sobre o que consumimos de informação, por exemplo, garantimos também a capacidade para gerenciar nossas emoções e, com isso, decidir de forma mais equilibrada e sustentável sobre as coisas da vida.
Além disso, permanecer firme ao propósito e aos alicerces da cultura garante que as pessoas compreendam o que realmente importa neste momento. Se os recados institucionais forem na direção contrária e o instinto de sobrevivência passar a ser o sistema operacional vigente, é claro que a permanência do grupo, da empresa e da comunidade estará comprometida.
Portanto, cuidado com a urgência das demandas econômicas e estruturais, especialmente quando elas negligenciam o DNA, o propósito e os alicerces culturais de sua empresa. E se perceber que sua companhia não consegue encontrar respaldo na cultura e valores para dar conta disso, não se sinta intimidado. É na adversidade que as discussões mais profundas ganham mais espaço. Nunca é tarde para se aventurar nestas questões.
O exercício fundamental neste momento está em criar condições efetivas para que as pessoas se sintam seguras enquanto se cuidam e cuidam do trabalho. Um exercício fundamental para a permanência da empresa em tempos como estes, mas que impacta diretamente quem seremos neste novo mundo que se apresenta. Quem decide em qual sistema vai operar é você. E, mais do que nunca, somos convidados a testar nossos limites, intenções e valores.
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Anderson Siqueira é CEO e fundador da Consense educação para as relações, especialista em psicologia organizacional e governança corporativa.