“7 ações para…”. Talvez, este seja o primeiro ou segundo post que você vê aqui na Consense com esse tipo de título. Sim, a gente resolveu se render às listas. Eu admito. Mas, longe de querermos dar respostas prontas ou fórmulas do sucesso, esta lista é o nosso jeito de te ajudar, líder, a avaliar como pode potencializar ou até iniciar um movimento de maior engajamento de sua equipe em um ano tão inesquecível como 2020.
Mas vamos ao assunto agora.
1. Não chore o leite derramado
É fácil averiguar que, considerando os aproximados três meses de isolamento, a maioria das empresas já passou pelo período de transição entre o presencial e o Home office especial de pandemia. (Abro um parêntesis para dizer que concordo com quem diz que esta é uma modalidade bem diferente do Home Office tradicional, afinal a maioria não está trabalhando de casa por livre e espontânea vontade ou oportunidade.) Resta agora, verificar a qualidade desta transição e que efeitos ela gerou no dia a dia das equipes.
Não é difícil chegar à conclusão que empresas que já estavam na busca por um caminho mais colaborativo navegaram pela transição de forma menos desgastante. Talvez, este não foi o seu caso. Talvez, sua navegação foi à duras penas e o barco pareceu sair do controle mais vezes do que você gostaria e o resultado disso está aparecendo no desengajamento dos colaboradores. Mas, tudo bem. Este não é o momento de se lamentar pelas oportunidades perdidas ou pelas coisas que poderiam ter sido mudadas antes. Agora é o tempo de olhar para a frente e avaliar que tipo de planos e ações podem ser feitas para garantir um caminho mais assertivos e de melhores resultados no segundo semestre.
2. Faça do alinhamento e da clareza as regras do jogo
Poucas coisas são tão efetivas na manutenção do engajamento de uma equipe quanto uma boa dose de clareza, porém muitos líderes ainda não usufruem desta potência. Os exemplos são inúmeros: não apoiar que as pessoas vejam como seu trabalho individual se conecta com o todo ou com o cliente, não alinhar expectativas ou expressar claramente o que é ou não esperado, renegar feedbacks, não apresentar planos de desenvolvimento, não comunicar adequadamente e repetidamente quais são os próximos passos, e a lista continua…
Por isso, não abra espaço para o subentendido ou o pressuposto no que é fundamental com seu time. Use reuniões, coletivas e individuais, para garantir entendimento e transparência. Determine juntamente com eles frequência, objetivo e pautas de cada um desses momentos e seja o guardião destes combinados. E não vale se jogar na desculpa de que você disse, mas o time não entendeu. Comunicação não é apenas o que se emite, é o que se compreende também. Não permita que sua equipe caia em desnorteio. Leia sobre os impactos de uma comunicação inadequada, aqui.
3. Não seja apenas o capitão do time, seja a bússola também
Como dito no item anterior, a regra para um jogo de engajamento bem-sucedido é a clareza. E ela requer um balanço delicado para as lideranças, já que tudo pode ser revelado de uma vez e nem todas as decisões, especialmente em tempos mais turbulentos, serão pautadas na colaboração.
Existem líderes que trabalham duro para ser a bússola de seu time, buscando sempre saber onde está o “norte”, ou seja, para onde a companhia está indo, no curto, médio e longo prazo. Eles, porém, falham na hora de dar as ordens, ou seja, comunicar ao time todo o conhecimento adquirido. Do outro lado da régua, estão aqueles que são muito bons em dar direcionamentos práticos, são verdadeiros capitães, mas não se preocupam em dar clareza ao time sobre a visão de futuro ou o porquê de determinadas decisões.
Não caia nos extremos. Trabalhe um comando assertivo: isso inclui saber comunicar, direcionar e delegar adequadamente.
4. Prepare-se para mudanças rápidas
Não vai ser novidade dizer que neste ano tudo é incerto. Porém, o mais correto é dizer que, especialmente neste ano, tudo é ainda mais incerto. Adentramos a era da complexidade, do “tudo junto, ao mesmo tempo, sem parar” e ela é um caminho sem volta. A única estabilidade que você, como líder, pode ter é saber lidar cada vez melhor com a imprevisibilidade ou a instabilidade.
Para saber como sua área ou equipe está neste quesito verifique a agilidade dos processos e da tomada de decisão que está dentro de sua área de controle (não adianta medir as decisões que você só pode administrar). Há mecanismos flexíveis que permitam mudanças ou iteração1 de novas possibilidades? Os colaboradores estão suficientemente preparados para ter visão crítica e, ao mesmo tempo, positiva na busca de novos formatos? São claros os limites que podem ser quebrados e quais são inegociáveis? Se você respondeu que sim para estas três perguntas, é muito provável que você e sua equipe estejam mais preparados para lidar com o novo sem perder a energia de trabalho.
1 o famoso “testa, erra, corrige, testa de novo”.
5. Considere a saúde emocional e mental das equipes
As primeiras reuniões via videoconferência foram meio truncadas, as pessoas não responderam da maneira como você imaginava ou gostaria. Alguns, até hoje, se mantém distantes ou despreparadas nas construções coletivas, outras não tem o mesmo poder de entrega de antes. Um cenário um tanto comum da pandemia, relativo ao fato de sermos todos humanos. Em um momento sem precedentes, todos estamos tentando lidar da melhor forma possível com a enxurrada de notícias, boas e ruins, emoções, ideias, possibilidades e coisas para fazer. Como líder, você deve manter isso em mente.
Ansiedade, depressão, burnout e outros desgastes mentais podem estar rodando sua equipe, portanto mantenha-se atento. Converse sobre o tema em seus alinhamentos coletivos e individuais, demonstre proatividade em ouvir e acolher as falas do time, antes de entregar soluções prontas. Incentive boas práticas como ter horários determinados para o trabalho, buscar seguir ao máximo um ritual básico de rotina, moderar o consumo de notícias, praticar esportes, hobbies e outras coisas que ajudem a utilizar mais da criatividade e descomprimir.
Você não precisa ser psicólogo para cuidar da sua equipe. E para te apoiar neste tema, preparamos um “kit de orientações” sobre como preparar encontros significativos de acolhimento com a equipe. Para fazer o download, entre aqui.
6. Cace a cultura da “caça às bruxas”
Os anos de Consense me demonstraram que, embora cada companhia tenha seu próprio jeito e cultura, existe um traço comum que, caso não seja mitigado, pode gerar grandes danos a um time: a cultura de caça as bruxas. Ela aparece diante de erros que surgem ao longo do caminho e se apresenta como uma mentalidade que gasta menos tempo discutindo e garantindo soluções e mais tempo buscando e, em alguns casos, punindo o responsável pela inconsistência. Entre em guerra com ela.
Esta cultura parece inofensiva, mas o efeito final é a perda de ideias que nunca saem das mentes e da imaginação do time. São as pessoas que geram resultados e, para isso, é importante gerar um ambiente onde elas possam entregar suas contribuições sem medo de errar. Desafie a equipe a aprender como ter visão crítica de uma ideia ou de uma situação sem menosprezar seu criador. Lembre-se que você é um dos, senão o principal, influenciador do time e sua tratativa diante de um erro determinará qual cultura será estabelecida.
7. Cuide de você
Alguns líderes tendem a dar pouca importância ou até ignorar a influência que possuem sobre os ambientes que lideram, seja virtual ou presencialmente. Assim, tendem a não notar que o seu próprio descontrole, nervosismo, insegurança ou medo dão recados inconscientes ou involuntários para a equipe e geram impactos negativos. Portanto, para manter uma equipe saudável e engajada, cuide também de você mesmo.
Esteja atento a sua saúde emocional e mental, aproveite as dicas dadas no ponto número 5 para uso pessoal. Mantenha um caminho aberto de conversa com seus pares e superiores para garantir uma visão do presente e do futuro alinhados com a realidade do negócio. Lembre-se de uma das premissas máximas da segurança em aviões: diante da despressurização da cabine, só é permitido colocar a máscara de oxigênio em alguém, depois de ter colocado a sua própria.
Espero que estas sete ações possam apoiar sua liderança a se manter relevante e conectada com sua equipe em 2020, com ou sem isolamento social.
Um forte abraço,
Camila Carvalho é jornalista e especialista em educação corporativa. Atua como educadora em temas como experiência do cliente, cultura e desenvolvimento organizacional, possui experiência na construção de processos organizacionais de alta performance e em sistemas de tomada de decisão alinhados e participativos.