Nos últimos tempos, a agenda ESG tem sido amplamente discutida, gerando uma variedade de materiais e informações. Enquanto alguns podem se sentir saturados com o tema, eu enxergo de maneira positiva o fato de estarmos promovendo uma discussão crucial sobre responsabilidade ambiental, social e corporativa. A necessidade de ajustes em nosso estilo de vida é evidente, e as empresas, em particular, encontram argumentos multifatoriais para a relevância da agenda ESG. Vamos explorar esses aspectos aqui.
Essa semana, realizamos mais uma edição do Café da Manhã Consense, um evento que reúne nossos clientes ativos para momentos de networking, aprendizado e proximidade. Dessa vez, abordamos o tema ESG com o intuito de descomplicá-lo para um público específico, composto majoritariamente por pequenas e médias empresas em crescimento. Este setor, muitas vezes liderado por fundadores e familiares, enfrenta desafios distintos, e nossa intenção foi esclarecer se a agenda ESG é realmente relevante para eles.
E aqui mora nossa principal intenção: dar clareza para a agenda ESG para PMEs é fundamental para impactar efetivamente nosso país. Afinal de contas, segundo o SEBRAE, se considerarmos apenas as 9 milhões de micro e pequenas empresas, veremos que representam 27% do PIB, 52% dos empregos com carteira assinada e 40% dos salários pagos. Um universo de impacto e desafios.
Por que ESG é fundamental para pequenas e médias empresas?
Além de contribuir com a profissionalização e amadurecimento de negócios, iniciar uma conversa sobre a pauta ESG pode fortalecer o tecido social e cultural de pequenos e médios negócios. Principalmente em empresas que estão em processo de crescimento, essa pauta tem o potencial de tornar o processo de expansão ainda mais potente e robusto, dando solidez para a empresa e permitindo que cresça com uma mentalidade mais evoluída.
Em uma das discussões do nosso painel, citamos o exemplo simples de um passo muito importante na maturidade da governança de uma pequena empresa, que é a separação do capital privado dos sócios do capital da empresa. A partir daí, pense na infinidade de melhorias em termos de controle e gestão, oriundas de discussões sobre risco e governança, que podem ser implementadas antes dos diversos problemas que práticas amadoras podem causar.
Um dos pilares para melhorias desse tipo está também na capacidade de desenvolver um olhar mais maduro e atual na liderança. Caso queira entender mais sobre nossa visão sobre a liderança do futuro, clique neste link e acesse nosso artigo sobre o tema.
O fatídico questionário ESG
Receber questionários prévios à prestação de serviços, focados em práticas corporativas, tornou-se cada vez mais comum. Seja sobre a LGPD ou diretamente relacionado ao ESG, é imperativo que as PMEs se organizem para atender a essas exigências e se manterem aptas a fornecer serviços para grandes negócios. O efeito cascata dessas demandas é um benefício inestimável para a sociedade, pois estimula a criação de um ecossistema ESG, ampliando o impacto positivo das práticas impulsionadas por essa agenda.
Bom porque é exatamente no cultivo de um ecossistema ESG que temos condições de ampliar o impacto das práticas que essa agenda impulsiona. Se cada negócio, dentro de sua área e respeitando seu momento e mercado, começar a cobrar de seus fornecedores práticas responsáveis ambiental, social e corporativamente, criaremos uma grande cadeia de geração de valor sistêmico e responsável.
Agora sim, os investimentos, reputação e parte interessadas
Apesar de parecer distante para algumas PMEs, a relevância da agenda ESG está mudando. Instituições financeiras e grupos de investimento cada vez mais exigem informações sobre práticas ESG em seus processos de avaliação. Além disso, a pesquisa EY Future Consumer Index 2021 revelou que 61% dos consumidores brasileiros agora observam os valores praticados pelas empresas antes de efetuar uma compra. Adotar práticas ESG torna-se não apenas uma tendência, mas um pré-requisito de competitividade e sobrevivência no mercado.
Empresas com boas práticas de ESG correm menos riscos de enfrentar problemas jurídicos, trabalhistas, fraudes e sofrer ações por impactos ao meio ambiente. Como estão em constante análise e acompanhamento de métricas de uma agenda ESG, as empresas se dedicam a desenvolver melhores relações com os seus colaboradores, reguladores, fornecedores e clientes.
Não durma no ponto
A dificuldade de acesso à informação qualificada é um dos motivos que levam as PMEs a resistirem ou enfrentarem dificuldade em adotar práticas ESG. Podem pensar que tudo isso é muito oneroso ou nem saberem por onde começar. Uma pesquisa divulgada em fevereiro de 2022 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, a Fecomércio-SP mostrou que 25% das 100 pequenas e médias empresas da cidade de São Paulo consultadas demonstraram ter ainda pouco conhecimento sobre o tema.
Por isso nosso Café da Manhã e este artigo têm o objetivo de ampliar sua visão, pequeno e médio empresário, sobre a importância de reservar tempo em sua agenda para estudar esse movimento. ESG deve andar lado a lado com a sua estratégia, justamente porque nenhuma estratégia obterá sucesso ou permanecerá relevante sem considerar o meio ambiente, a sociedade e a integridade corporativa. Não durma no ponto e avance como pessoa e como empresa nessa agenda tão fundamental para o futuro do nosso planeta e sociedade.
Anderson Siqueira é fundador da Consense educação para as relações, especialista em desenvolvimento organizacional e cultura corporativa.
Vou deixar abaixo alguns materiais interessantes para seu aprofundamento:
- E-book Estruturas de Gestão Consense
- E-book Fecomercio: Desmistificando ESG
- E-book Fecomercio: ESG nas pequenas empresas
- Importância do ESG em PMEs, SEBRAE