A grande busca humana pela qualidade de vida passa, entre outras coisas, pelo olhar para dentro, para a alma e sua origem. A vida, entretanto, não pode ser encarada sobre o viciado olhar do extremismo, que espera sempre bons momentos ou, até mesmo, o contrário – ruins e cheios de rancor. Vale, assim, lembrar que parte do processo de amadurecimento e crescimento envolve a percepção clara de sua origem essencial, valores estruturais, dons, talentos e sonhos.
Mario Sergio Cortella, em seu livro “Qual é a tua obra”, fala sobre a ética como um conjunto de princípios e valores construídos no decorrer da vida, que são pilares para a tomada de decisões diante dos dilemas. Fica clara, então, a necessidade do exercício diário da auto-observação e do autoconhecimento. Apenas assim, será possível reconhecer tais valores, a si mesmo e agir de maneira alinhada e íntegra.
Quando observamos uma estrutura social complexa, como uma empresa, podemos assumir que é também imprescindível garantir o que chamamos na Consense de Integridade Organizacional. Isto é, um profundo alinhamento daquilo que compõe o pensar, o sentir e o agir das pessoas que compõem a organização. Exercício bastante desafiador ao passo que parte do princípio de que tal integridade só pode ser garantida quando os indivíduos se colocam à disposição para construir sua própria integridade e alinhar-se às premissas, valores estruturais e propósito da companhia como um todo.
Em nosso trabalho percebemos, que o desalinhamento, principalmente das lideranças, é o responsável pela maior parte dos problemas das empresas. Desde um mal-entendido em uma reunião até a ausência de um processo estruturado de decisão coletivo. Líderes e equipes – na melhor das intenções – trabalham sozinhos e sem percepção e clareza daquilo que seria a pedra angular do alinhamento da empresa. Um caminho que, inconscientemente, compromete as relações, os resultados e o seu futuro sustentável da instituição.
É preciso incentivar e garantir uma busca individual pela integridade e autoconhecimento. Porém, ao entendermos que o organismo coletivo também deve buscar tal grandeza, a jornada se torna ainda mais instigante e grandiosa. Como você e suas pessoas têm buscado a integridade? Quais os elementos que tornariam sua equipe ou empresa mais inteira e alinhada? O que mudaria para o cliente e para a equipe, se a integridade organizacional fosse um item a ser cultivado? Tais questionamentos devem gerar discussão e ação, pois indivíduos íntegros se blindam de vícios perigosos como a competição nociva, decisões reducionistas, repetitivas e sem significado. Além disso, se colocam um passo à frente na construção de ecossistemas virtuosos, conectados consigo e com o Todo à sua volta.
Anderson Siqueira
Idealizador e Educador na Consense Educação para as relações