O cenário é assustador para alguns, mas normal para outros. Por isso, antes de continuar a leitura, reflita se uma relação saudável com seu sócio é algo importante para você. Note que não estou falando de uma relação sem conflitos e discussões, mas uma relação em que isso seja instrumento de desenvolvimento e crescimento e não de barganha e disputas de força. Caso, ainda assim, ache que é bobeira, clique aqui e leia um outro artigo em que falamos sobre a importância do alinhamento societário. Se está na mesma página, vamos seguir.
O fato de estar em uma relação harmoniosa com o sócio, não nos livra de eventuais percalços que podem gerar situações conflituosas ou desagradáveis. Nestes casos, o melhor a se fazer é adotar uma estratégia que considere não apenas a necessidade de resolver a situação em si, mas aproveitar para discutir a cultura na qual se quer viver e as bases desta relação. Afinal de contas, não estamos falando de uma relação profissional apenas, mas de um acordo que objetiva gerar valor para diversas outras pessoas.
E é na palavra valor que está um segredo importante das discussões entre sócios. Quais valores conectam essa relação? Em geral, uma briga ou discussão surge quando alguém não respeitou esse tratado que, mesmo não dito, rege todas as relações humanas, inclusive a dos sócios. Logo, a primeira coisa é pensar: qual valor está sendo infringido? Desta forma, abre-se um caminho que permite discutir a situação isolada da relação como um todo. Abordar assuntos desagradáveis a partir dos valores é uma forma que permite não apenas resolver um conflito, mas cultivar relações ainda mais sólidas, gerar aprendizado e aumentar a maturidade.
Sócios são pessoas antes de tudo. Têm sentimentos e, como qualquer pessoa, valores que norteiam sua decisão sobre o que devem discutir ou não. Discussões e conflitos não compõem o mais desejado dos mundos, mas é comum e até certo ponto, saudável.
Após isso, pense sobre qual o melhor momento para conversar sobre o ocorrido. Nem sempre resolver as coisas na hora em que ocorrem pode ser bom, já que a depender dos ânimos, pode ser mais prejudicial do que benéfico. Use como medida a percepção de sentimentos envolvidos. Quanto mais aflorados, maior a necessidade de esperar um pouco.
Na hora de conversar é importante abrir espaço para que todos exponham seu ponto de vista de forma aberta e sem julgamentos. Lembre-se que por mais chateado que possa estar com determinada ação ou comportamento, isso não define a totalidade da pessoa com quem você vai falar. Muitas vezes, carimbamos determinados adjetivos na testa do outro e isso não ajuda em nada na resolução dos problemas e, mais ainda, prejudica a possibilidade de construções que necessitam de dedicação e entrega, como a definição de uma estratégia, por exemplo.
O fim de uma boa conversa é marcado pela sensação de ter discutido de forma irrestrita aquilo que era importante para uma ou mais partes. Pela percepção de que a confiança foi reforçada e a nítida visão de que é mais importante tratar os pequenos deslizes do que permitir que grandes avalanches aconteçam pela falta de diálogo sincero e constante. Um ponto importante nesta fase é colocar energia no fechamento do livro. Não é uma boa ideia deixar resquícios ou requentar discussões.
Sócios são pessoas antes de tudo. Têm sentimentos e, como qualquer pessoa, valores que norteiam sua decisão sobre o que devem discutir ou não. Discussões e conflitos não compõem o mais desejado dos mundos, mas é comum e até certo ponto, saudável. O que não é bom é permitir que isso se torne regra e que seja o fator que define o clima da relação. Quando acontecer, pense que a empresa é um sistema vivo e que qualquer evento impacta mais o todo do que imaginamos. Por esse motivo, não deixe de cuidar da saúde da sua relação societária, pois esta é a medida do quão sustentável será o seu negócio.
Anderson Siqueira é comunicólogo, idealizador da Consense, especialista em psicologia organizacional e em aplicações e devolutivas do MBTI. Inspirado no cultivo de ambientes de trabalho mais vivos e conscientes, construiu experiências em temas como governança, inovação, liderança e rotinas de trabalho. Se dedica principalmente ao estudo das relações humanas no contexto empresarial e à educação como forma de gerir empresas inovadoras e sustentáveis.