Logo no início da pandemia disponibilizamos um inventário de saúde mental para o público e nossa comunidade de clientes, o objetivo era ajudar as pessoas a identificarem sintomas gerais e obterem apoio psicológico. Além disso, analisamos questões relacionadas a ansiedade e hábitos positivos durante o confinamento. Após alguns meses com o teste no ar, trazemos alguns dos dados para entender o impacto da COVID-19 na saúde mental das pessoas dentro das empresas.
A radiografia do sofrimento nas empresas
Antes de qualquer coisa é importante ressaltar que sofrimento é uma questão subjetiva, por isso o teste é baseado em sintomas físicos claros, como dores de cabeça ou falta de apetite, e outros que são indicadores comprovados de sofrimento mental, como maus hábitos e ansiedade. Então vamos para os dados:
Dentre as pessoas que responderam o inventário, 35% estava na faixa de sofrimento mental. Alimentação, sono e humor foram as áreas mais afetadas segundo a pesquisa. Além disso, os sintomas de nervosismo, tensão, preocupação e baixa energia foram os mais relatados pelos respondentes durante a quarentena.
De certa forma já esperávamos esse tipo de impacto. Ficar em casa, com inúmeras incertezas e um cenário intenso como o da pandemia é receita certa para ansiedade, nervosismo e várias preocupações, além disso, com tantas áreas de nossas vidas sendo desestruturadas fica fácil procurar na comida uma fonte de obtenção de algum prazer, ainda mais com a geladeira ao lado.
A pesquisa mostrou também que profissionais de nível gerencial compõem o segundo grupo mais ansioso, com 63% dos respondentes na faixa de ansiedade. Atrás, apenas, dos profissionais autônomos. Pudemos observar os impactos de tal resultado em conversas com clientes, que relataram o estresse na busca por informações e possíveis respostas que ajudem a lidar com as mudanças de cenário. Líderes que se posicionam como mediadores na operacionalização de decisões que provavelmente estarão na lista das mais difíceis de suas carreiras. Em meio à dura tarefa de gerenciar, à distância, um público também ansioso e estressado.
Em contrapartida, vimos bons índices de equilíbrio nas faixas estratégicas das organizações. A pesquisa mostrou que 50% deste público (CEO’s, presidentes, donos, diretores, etc.) estava sem ansiedade ou sofrimento mental relevantes, além de possuírem melhores hábitos em relação aos demais públicos da pesquisa. O que que não exclui a porção deste público que além de ansiosos [50%] também estão com sofrimento mental, que é de 20%.
Por fim, a faixa operacional, onde incluímos analistas, assistentes, auxiliares e cargos semelhantes. Este público demonstrou ser o segundo maior em sofrimento mental, com 43% das respostas com sintomas claros. Também foram claros os resultados de ansiedade, com mais da metade dos participantes.
O que fazer para diminuir meu sofrimento mental?
Se você acha que está dentro das faixas de ansiedade ou sofrimento mental é importante ficar atento, informado, e tomar ações. Para fazer o nosso teste e obter uma resposta inicial, clique aqui e acesse o formulário. Após, volte para continuar a leitura. Se você já sabe, veja abaixo algumas de nossas sugestões sobre como lidar com o estresse e a ansiedade deste período.
Busque entender e aprimorar sua capacidade de lidar com o estresse seguindo os passos abaixo:
1- Procure analisar diariamente quais atividades ou situações te deixam estressado
No dia a dia corrido de trabalho pode ser difícil perceber exatamente quais atividades são fonte de estresse, principalmente se já houver um cenário negativo de trabalho ou mesmo vida pessoal. Se este for o seu caso procure pessoas próximas e pergunte a percepção delas sobre o que te afeta mais ou menos. Outra forma interessante de fazer isso é criar um diário das atividades e interações que teve no dia e ranquear de 0 a 10 quais o nível de estresse gerado por cada uma delas.
2- Faça uma lista das 5 principais causas
Analise com sua lista para identificar as 5 principais causas, ao fazer isso será mais fácil ter perspectiva sobre quais são as reais fontes de estresse. Procure não ser tendencioso, evitando atribuir todo o estresse a uma pessoa ou situação, o estresse tem diversas fontes que precisem de sinceridade e cuidado.
3 – Identifique suas reações, tais como comer mais, conflitos nas relações, baixa produtividade, etc.
Identificar as reações também pode ser difícil, muitas vezes agimos no automático e aqueles comportamentos muitas vezes indesejados para as pessoas ao nosso redor podem passar despercebidas por nós. Se for o caso, peça informações sobre seu comportamento para pessoas de confiança, de preferência fale com mais de uma pessoa, e que estas tenham características e relações diferentes, isso enriquecerá sua visão. Após identificar se policie para ter uma nova reação, mais positiva.
4- Cultive hábitos saudáveis, muitos fatores estressantes podem ter origem neles. Veja como:
- Separe tempo para si durante a semana, estar consigo mesmo sem interrupções e com tranquilidade ajuda a sair do modo reativo e se conectar consigo mesmo;
- Celebre! Se dê pequenas recompensas, como uma comida que gosta ou fazer atividades prazerosas. A sensação de recompensa ajuda a baixar os níveis de estresse;
- Desestresse sua dieta. Alguns alimentos podem gerar processos inflamatórios no corpo, afetando a produção de hormônios e outros fatores importantes, como o sono. Busque uma alimentação leve e saudável para evitar estes problemas;
- Pratique exercícios: A prática regular de exercícios ajuda no humor e disposição;
- Descubra outras práticas relaxantes, como meditação ou yoga. Estas práticas ajudam a se focar no momento presente, se conectar consigo mesmo e diminuir a ansiedade.
Sou responsável por uma equipe e gostaria de ajudar a diminuir o estresse no dia a dia, como faço?
Por fim, como líder e integrante de um dos grupos que apresentaram maiores taxas de ansiedade, é possível que você precise cuidar de suas pessoas. É sempre desejável que os líderes estejam atentos aos fatores que influenciam o bem-estar e, consequentemente, a produtividade e satisfação da equipe no trabalho.
Nós produzimos um material exclusivo para ajudar gestores e suas equipes sobre o tema, confira aqui o conteúdo e baixe um material exclusivo que o apoiará a conduzir conversas significativas com seu time.
Agora, se precisar de apoio mais amplo, oferecendo suporte psicológico efetivo para as pessoas, pode conhecer o nosso Programa de Saúde Mental específico para as demandas causadas pela pandemia. Para saber mais, acesse aqui.
Ricardo Honda é psicólogo e especialista em desenvolvimento de pessoas e de organizações. Atua prestando consultoria de gestão e liderança para colaboradores e líderes corporativos. Com mais de 10 anos de atuação em RH acumula ainda forte experiência em temas como saúde mental e segurança psicológica.