
Após alguns anos trabalhando como consultor na área de processos e governança, é preciso admitir: desenhar processos ainda é um mundo nebuloso para o empresariado brasileiro. Já ouvi diversas expressões e questionamentos interessantes tentando identificar e compreender o meu trabalho. A mais recente me perguntava se eu era advogado (!?). Não dá para negar, que adentrar a esfera da disciplina de organização e métodos é, sem dúvida, uma jornada divertida. Para a frustração de alguns, eu não sou advogado, mas também convivo com esse termo, que até para nós, pode causar algumas dores de cabeça.
Dito isso, esclareço que não quero repetir o que as definições consolidadas já disseram sobre processos organizacionais, também não é o caso de falar sobre as inúmeras metodologias de gestão e gerenciamento, mas dar ao leitor a oportunidade de visualizar este caminho percorrido de forma simples todos os dias.
Vamos imaginar que, há muitos anos atrás, alguém percebeu que ao cuidar da plantação de uma determinada forma, poderia se suprir um grupo inteiro de pessoas com alimentos. Ou mesmo, ao cuidar dos animais da maneira correta, seria possível obter leite, ovos e carne. Mais tarde – um mistério até hoje – pirâmides foram construídas, civilizações inteiras nasceram e morreram, baseando-se na premissa básica dos processos: a repetição e o aprendizado.
Inúmeras são as possibilidades de entender sua origem, mas podemos nos ater ao fato primordial de que um processo existe para tornar algo cíclico. Quando quero obter resultados semelhantes fazendo várias vezes a mesma coisa, eu preciso pensar em um formato (método) de organizar com fluidez um conjunto de atividades e informações (processo).
Não era nosso desejo plantar apenas uma semente, cultivar, colher e fim. Muito menos, retirar apenas uma vez o leite daquela vaquinha. Até antes disso, quando caçar era uma rotina, estabelecer um jeito de fazer isso era a forma de garantir os mesmos resultados a cada empreitada – pelo menos era o que se tentava.
Longe de defender a ideia de que desenhar um processo organizacional é simplesmente automatizar uma rotina, precisamos compreender que a composição dos princípios “repetição” e “aprendizado” precisa estar conectada para dar ao processo tudo o que ele precisa para ser bem-sucedido. Afinal de contas, o mundo se tornou mais complexo e o fato de não trabalhamos sozinhos tornou o desafio de organizar rotinas de trabalho ainda maior.
De escovar os dentes a montar um automóvel ou cozinhar uma panqueca de couve. Tudo é processo. Porém, um processo organizacional se torna realmente relevante quando entrega algo de valor para as pessoas com quem se compromete. É, em suma, uma desculpa para nos relacionarmos, uma maneira de obter os resultados desejados, em um formato desejado e, claro, gerando aprendizado a cada ciclo. Se não existe aprendizado em seu processo, dificilmente obterá sucesso de forma perene e sustentável.
A cada cliente, fica evidente a importância de se pensar o processo como um fluxo informacional e relacional. Garantindo continuidade, clareza e, como na nostálgica brincadeira dos “escravos de Jó”, uma adequada passagem de bastão.
Anderson Siqueira
Idealizador e Educador na Consense Educação para as relações
Anderson, gosto muito de ler seus textos. Parece que ouço você falando comigo. É incrível!
Em relação ao título do post, penso que a resposta ficou um tanto abstrata e me lembrou um pouco do “juridiquês” dos advogados! 🙂
Claro, entendo perfeitamente o que é um processo e como sou um tanto visual, que tal usar uma imagem que ilustre de forma complementar a argumentação?
Voltarei para ler outros textos.
Abs!
Rogério, que legal saber que os textos se conectam tanto com minha forma de falar. Me parece natural 🙂 Obrigado!
Acho uma ideia incrível! Vai ajudar bastante pessoas mais concretas a assimilarem as ideias inspiracionais do texto. Vamos providenciar isso.
Sempre será bem-vindo, meu amigo!
Anderson, parabéns por mais um excelente artigo!
Interessante observar como algumas empresas, departamentos etc demonstram verdadeira “alergia” à palavra processo, mas que – na realidade dependem disso para aumento de sua produtividade, eficácia de suas ações, expansão de sua rede de relacionamentos, etc.
Sempre acreditei que a Gestão de Processos!! Parabéns pelo seu posicionamento, clareza e exemplos citados – simples e eficazes.
Abcs
Cibelle
Obrigado, Cibelle! Fico feliz com seu comentário e mais ainda com o fato de perceber que o artigo contribuiu com você. Realmente, percebo essa alergia que comentou e acredito ser fruto de uma ausência de conhecimento mais aprofundado sobre o assunto. Vamos na luta por disseminar esse saber, não é?
Um abraço!
Anderson Siqueira