No final do mês passado, para nossa alegria – sem querer fazer menção ao meme, mas já fazendo – a Consense comemorou oito anos de existência. Reunimos nossos clientes e alguns parceiros que fizeram parte dessa história para um pequeno evento de celebração. Tem se tornado uma espécie de tradição que, particularmente, me deixa muito feliz e renova minha fé no caminho e no propósito que escolhemos trilhar como consultoria.
Abre parêntesis (sim, mesmo antes do texto começar efetivamente):
Queridos leitores, é tão importante aprender a celebrar! Mesmo quando a realidade se apresentou aquém da expectativa. Mesmo quando existem muitos e muitos problemas a resolver e muitas questões a decifrar. Festeje! Um novo contrato, um aniversário, um problema difícil resolvido, o crescimento do time (numérico ou em qualidade). Existe muito para ser reconhecido e celebrado.
Não são poucos os líderes que aprenderam que devem dar 100% de sua atenção e energia a tudo o que dá ou pode dar errado. Não percebem, porém, que acabam alimentando uma cultura de “não estamos fazendo mais do que nossa obrigação quando fazemos um trabalho excelente”. Depois, não entendem por que seu time acaba demonstrando pouco engajamento no dia a dia, por que o clima parece sempre mais pesado do que deveria ser ou por que o time parece nunca conseguir pensar ou entregar algo fora da famosa caixinha. É simples: o bom trabalho nunca é reconhecido.
Obviamente, isso não significa não confrontar o erro, não lidar com ele ou não perseguir uma cultura de bons resultados. Apenas é um lembrete de que muitos esquecem que o acerto é fonte de informação tão preciosa quanto o erro. Às vezes, até mais que o primeiro. Como líder gaste tempo entendendo as duas coisas em igual profundidade. Os erros, mitigue. Os acertos, repita.
Fecha parêntesis. Vamos seguir.
Voltemos ao aniversário e ao motivo pelo qual escolhi trazê-lo neste texto.
Entre as nossas tradições de aniversário, sempre buscamos trazer uma palestra que agregue valor aos participantes. Neste ano decidimos por um tema que nos chamou a atenção desde o primeiro contato: zeitgeist. Este termo alemão foi introduzido pelo escritor Johann Gottfried von Herder, que viveu na virada dos séculos XVIII e XIX. A tradução significa “espírito do tempo”. O conceito resume, em suma, o clima do movimento cultural e intelectual do mundo em uma determinada época.
Mas o que isso significa na prática, Camila? O zeitgeist aponta qual é o conjunto de características genéricas globais que representam como a sociedade se comporta, quais são seus anseios, valores e valorizações em um determinado período de tempo. E o que contribui com esta leitura? A moda, a economia, a arte, a política, o consumo, a tecnologia disponível, o modelo de interações sociais e por aí vai. Tudo pode dar indícios do que nos molda como sociedade global e do que será tendência e realidade daqui para a frente.
Obviamente, o mercado de trabalho não fica de fora e acaba sendo tanto resultado quanto agente no zeitgeist. E é aí que a conversa se torna mais concreta e pessoal. O futuro bate na porta do líder todos os dias, caso ele esteja preparado ou não. Experimentamos mais mudanças nos últimos 10 anos do que nossos avós experimentaram em 50 ou do que nossos bisavôs experimentaram a vida toda. E nossos netos pensarão o mesmo de nós. Portanto, se queremos entregar resultados e apresentar um nível de liderança que faça uma diferença real, entender o espírito do nosso tempo não é uma opção.
Já parou para pensar nisso?
A liderança que empreende: estar conectado com o mundo sem deixar a essência
Todos sabemos que um líder tem inúmeras atribuições: acompanhar e ser um garantidor dos resultados, proporcionar a melhor experiência aos clientes, cuidar do clima do departamento, das pessoas – como indivíduos e como grupo –, dos processos, das metas e por aí vai. Mas existe um tipo de atribuição que, em meio a todas essas rotinas, pode ficar em segundo plano: a leitura do espírito do nosso tempo, o entendimento de como as movimentações da própria sociedade afetarão a maneira como se vive e se entrega o trabalho.
Vamos pensar juntos em alguns exemplos. Recentemente, você:
- Já ouviu algum comentário sobre a dificuldade de contratar ou reter profissionais abaixo dos 30 anos?
- Já conversou com um profissional de comunicação que pode estar preocupado com seu emprego diante da chegada das inteligências artificiais de texto?
- Já recusou ou conhece alguém que recusou uma vaga pela ausência da modalidade Home Office?
- Já usou as IAs de imagem para se vislumbrar no futuro ou deu sua opinião sobre o comercial da Volkswagem com a Elis Regina?
- Já lidou com colegas de trabalho ou liderados experienciando burnout ou estafa extrema?
- Já leu alguma notícia sobre órgãos sendo produzidos em impressoras 3D?
- Já foi questionado por um fornecedor a respeito de suas iniciativas sobre diversidade ou inclusão?
Ouso dizer que você tenha dito sim a pelo menos uma destas perguntas. Cada uma tem tantos detalhes e nuances que seria possível escrever um artigo inteiro para cada, mas o ponto comum está no fato de que todos estes assuntos pareciam distantes, tendências futurísticas, mas estão aqui, agora. Influenciando efetivamente como trabalhamos hoje e como o faremos amanhã. É por isso que o líder que quer trazer resultados efetivos entende que não pode estar desconectado de todos os fluxos que geram impacto direto em sua equipe, seus clientes e a maneira como os negócios são feitos.
Chamamos isso de liderança empreendedora, a liderança que sabe olhar para fora e fazer a ligação do mundo externo com o mundo interno da empresa, que se mantém desperta e conectada com o todo ao seu redor. Temos um outro artigo em nosso Blog com um detalhamento maior sobre a liderança 4.0, conceito que carrega muito dessa minha conversa com você aqui neste artigo. Acesse aqui.
Empreender como líder é estar atento e pronto para criar tempo e espaço para ler as mudanças, compreendê-las e, quando necessário e frutífero, aplicá-las em seu cenário. É se fazer responsável por conhecer as nuances que impactam seus stakeholders e ensinar sua equipe a fazer o mesmo. É abraçar a complexidade de um mundo cada vez mais sistêmico e conectado. Você pode até pensar: “Camila, mas como fazer isso sem deixar aquelas outras coisas que você comentou em cima?”. Não existe uma receita de bolo, admito, mas estas cinco dicas podem iniciar a jornada:
- Esteja aberto às mudanças: estude-as;
- Considere o desconforto de mudar menos pesado do que o de permanecer igual;
- Mantenha-se inteirado do que está acontecendo, não só no seu mercado;
- Não se isole, conecte-se com as pessoas ao redor e use estas oportunidades para aprender, com empatia e consideração;
- Converse sobre seu time sobre como tudo o que vocês têm visto pode impactar o trabalho.
Um pequeno recado: O nosso programa de Liderança 4.0 foi criado baseado nessa ideia de que a liderança precisa agir de maneira sistêmica. Caso queira levar para a sua equipe de líderes o conhecimento da liderança empreendedora e ferramentas, clique neste link e conheça mais do nosso programa.
Por fim, uma das coisas que considero mais bonitas na liderança empreendedora é perseguir um eterno equilíbrio entre o externo e o interno. Este tipo de liderança também é resguardar e fazer florescer a autenticidade de quem somos como negócio ou como área, manter a si mesmo e ao time perto do propósito empresarial e, por que não, o de vida. Ser um líder empreendedor é ter a oportunidade de trazer balanço entre aquilo que nos faz sermos únicos sem deixar de ser receptivo ao rio de transformações que nos rodeia em busca de um mundo melhor.
Torço para que você, como líder, saia desta leitura inspirado a dar um passo em direção ao futuro. Sair do automático é o primeiro passo de qualquer mudança efetiva. Desperte seu olhar e, a partir do seu exemplo, permita que seus liderados façam o mesmo. Isso abrirá novas oportunidades de crescimento, inovação, conexão e resultados. E, quem sabe, com cada um fazendo sua parte, um mercado de trabalho muito melhor.
Camila Carvalho é jornalista, especializada em gestão, cultura organizacional e liderança 4.0 e entusiasta da educação corporativa